3º Encontro de Jongos do Vale do Café aconteceu dia 27 de julho em Pinheiral (RJ)

No dia 27 de julho, das 10h às 22h, cerca de 400 lideranças quilombolas, advindas de 18 comunidades tradicionais de Jongo do Rio de Janeiro e de São Paulo, se reuniram no 3º Encontro de Jongos do Vale do Café, no Parque das Ruínas de Pinheiral, interior do Rio. O evento foi a ponta de lança de um movimento que vai aquecer a região através do turismo e da economia criativa.

O Parque das Ruínas de Pinheiral, antiga sede da fazenda que continha mais de 3 mil escravizados na região, e que hoje é gerido pelo Jongo de Pinheiral, acaba de ser selecionado pelo Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, para a instalação de um parque temático sobre a história do negro no Vale do Café no local.

O projeto, uma verdadeira conquista para o povo da região, prevê a construção de um museu a céu aberto, uma Escola de Jongo, uma Biblioteca Afro, um centro turístico e um restaurante de comidas étnicas que serão geridos pelos próprios líderes do Jongo de Pinheiral.

O termo para a cessão dos recursos foi assinado em 4 de julho, pelo presidente do Iphan, Leandro Grass. “Entendemos que o futuro Parque temático da história do negro no Vale do Café será um espaço que garantirá direitos, que efetivará novas perspectivas para a comunidade, promoverá desenvolvimento e gerará pertencimento e autoestima para os grupos do território”, disse Grass, na ocasião.

Tia Lora – Foto: Divulgação

Para o idealizador do evento, Marcos André Carvalho, o investimento do PAC e o Encontro de Jongos vêm promover não apenas o Turismo, mas a preservação e a permanência da tradição do jongo na região:

“Todo o café plantado e a riqueza produzida nessa região tem origem na escravidão e os mestres do Jongo do Vale do Café descendem diretamente desse povo. O Encontro de Jongos foi pensado para implantar o Circuito Afro nessas terras, como forma de gerar trabalho e renda para as comunidades, que têm um potencial enorme de atração do turismo étnico, e também como forma de reconhecimento e reparação histórica”, explica Marcos André.

O evento é liderado pelas cinco comunidades centenárias da região, herdeiras desta rica tradição e que constituem o Circuito Afro do Vale do Café, berço do jongo, considerado o pai do samba e reconhecido como patrimônio imaterial do Brasil pelo Iphan. Recentemente, esses músicos lançaram o álbum “Jongo do Vale do Café”, aclamado pela crítica especializada e disponível nas plataformas digitais: https://linktr.ee/jongodovaledocafe

No dia 27, as atividades começaram às 10h com um cortejo afro, seguido por uma deliciosa feijoada prevista para às 12h. A mesa de abertura ficou para às 13h, com o tema “A salvaguarda do jongo e a sustentabilidade dos projetos comunitários”, que contará com a presença de autoridades governamentais dos níveis federal, estadual e municipal e de mestres jongueiros da região.

O ponto alto do Encontro foi as rodas de jongo de cada uma das 18 comunidades, das 14h às 20h. A abertura das rodas foi com o grupo anfitrião Jongo de Pinheiral. Às 18 horas foi realizada a cerimônia da bênção da fogueira. Ao final, o público entrou na roda para dançar os passos do jongo. E a festa se encerrou com um grande baile de forró pé de serra, comandado por Luciane Menezes, Marcos André e Zé do Molho, das 20h às 22h.

Foto: Divulgação

No passado, escravidão. Hoje, música e festa

Do Rio de Janeiro, foram confirmados quilombos de Pinheiral, São José/Valença, Vassouras, Arrozal/Piraí, Barra do Piraí, Morro da Serrinha, Santo Antônio de Pádua, Porciúncula, Volta Redonda e Quissamã. De São Paulo, garantiram presença grupos de Indaiatuba, São José dos Campos, Campinas, Guaianás, Tamandaré, Taubaté e Piquete, entre outros.

O evento contou com incentivo da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio, do Governo do Estado e do Ministério da Cultura através da Lei Paulo Gustavo, com o apoio da Prefeitura de Pinheiral. A realização é do Jongo de Pinheiral, da Rede de Jongo do Vale do Café, do Instituto Floresta, da Rede de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio e do CREASF – Centro de Referência Afro do Sul Fluminense.